Palestra "Os 5Ps do Empreendedorismo", ministrada pelo professor Fernando Gimenez da UFPR. Após a palestra, ocorreu um Talk Show com os Professores Alvaro Cesar Camargo do Amarante, Eduardo Damião da Silva, Fernando Gimenez, Glauco Vinicius de França Furstenberger e Paulo Cesar Porto Martins.
domingo, 27 de dezembro de 2015
domingo, 22 de novembro de 2015
A SUTIL DIFERENÇA ENTRE “FRACASSAR” E “ERRAR RÁPIDO” por Ricardo Schiffini Delamea
Passados aproximadamente 240 anos da revolução marcada
pela invenção da máquina a vapor de James Watt (1776), a Revolução Industrial,
percebo que as premissas de tratamento ao ser humano trabalhador desenvolvidas
na época, que pregavam a submissão via aversão ao risco, permanecem vivas e,
pior, sendo disseminadas e amplificadas principalmente nas organizações. Precisamos de
trabalhadores submissos, fiéis e produtivos. Prova disso é que os pubs londrinos fechavam às 8 da noite,
ou seja, os “patrões” controlavam até o horário de “lazer”. Se ficarem bebendo
não iriam trabalhar no dia seguinte. Até
hoje mantém-se viva a tradição de “tocar o sino” para a última rodada (“last orders!”).
Não há espaço para pensar, não há espaço para tentar. Valores
como “estabilidade”, “segurança” e “fidelidade à corporação”, entre outros,
permanecem muito atuais em nossa sociedade e repetidos como um mantra em muitas
organizações. Pessoas “normais” devem ter uma vida normal, sem sobressaltos ou
ousadias. Sem tentar nada.
Geramos milhões de “fracassados” (“losers”, quando na língua inglesa se quer ofender alguém) como
padrão de sociedade: aqueles que ficaram “no caminho” por não terem tentado ou
terem desistido na primeira tentativa são severamente penalizados: “...coitado do fulano: saiu do “emprego” para
montar seu próprio negócio e se deu mal”. Se você tentou e “...não deu
certo”, bordão muito questionável, com certeza, foi o preço pago por “sair dos
padrões” e é culpa inteiramente sua. Prova disso são alguns clichês banais e
aparentemente insubstituíveis que ouvimos, principalmente no discurso
corporativo: “...é melhor um pássaro na
mão que dois voando”; “..não vamos
reinventar a roda”; “...cautela e
canja de galinha não fazem mal a ninguém”!
Ora: na hipótese remota que você tenha um dia um
pássaro na mão, é bom soltá-lo. Em geral, é da natureza das aves voarem. Ficar
na sua mão não é uma coisa legal: ou ele irá cagar na sua mão logo, ou corre-se
o risco que o IBAMA autue-o e condene-o por crime ambiental inafiançável. Eu
avisei que não era legal.
Fazendo a analogia do pássaro com a “garantia” do emprego
“de carteira assinada”, qual seria então a vantagem de ter um pássaro na mão,
se você pode ser demitido a qualquer momento e não sabe fazer nada mais além do
que fazia quando empregado? Três pássaros voando, incluindo você enquanto
empreendedor, não seria mais sustentável e interessante? “...é melhor três pássaros voando que um na mão”!
“...não vamos reinventar a roda”! A roda vem sendo reinventada desde
a primeira vez que rodou. As primeiras eram de pedra! Alguém quer uma roda de
pedra (não reinventada)? Melhor seria “...não vamos reinventar a forma circular
porque ela é talvez a forma mais perfeita já inventada mas os materiais, o
conteúdo as funcionalidades e proposta de valor estão sendo reinventadas permanentemente.
Faça uma pesquisa na internet sobre as “rodas” do carro do futuro e irão ter
uma ideia que reinventar a roda é bom...
A propósito: porque as tampas de bueiros são circulares, algo parecido a
uma roda rudimentar, já foi inclusive questão do processo seletivo para trabalhar
na Google.
“...cautela e
canja de galinha não fazem mal a ninguém”! Caldo de galinha é comida de
doente, de convalescente. Alguém fora de seu estado são. Imagino que, se alguém
seguisse à risca esse conselho, tomando canja de galinha em todas as refeições
de sua vida, provavelmente morreria de desnutrição ou de tédio gastronômico.
Qual a vantagem de tomar caldo de galinha? Qual a vantagem de ser cauteloso na
vida? No genial poema épico de Dante Alighieri, “A divina comédia”, que narra o périplo pelo paraíso, inferno e
purgatório, em determinado momento o autor pondera: pior que o paraíso ou o
inferno é o limbo. Ou seja, aqueles que tiveram uma vida insignificante que não
mereceram, sequer, um julgamento. Há uma inveja latente daqueles que estão no
limbo para “ser algo” ainda que condenasse-o ao inferno, seria melhor.
Mas no meio do caminho havia a geração “Y”. Os jovens nascidos entre 1977 e 2000 sob um
contexto tecnológico nada “revolução industrial” e tudo “sociedade da
informação e do conhecimento”. Uma versão de Arquimedes repaginado: “...me deem um computador e um acesso à
internet e moverei o mundo”! Crescidas em uma época de grande prosperidade
econômica e tecnológica, seus pais os encheram de presentes e “mimos”
fomentando a autoestima dos filhos. Acostumados a obterem o que querem, não admitem
sujeitar-se às árduas tarefas subalternas de início de carreira de uma
organização, lutam por salários altos desde o início da carreira e não tem
paciência para esperar 20 anos para “evoluir na carreira” (...que inveja dessa
geração!).
Sendo assim, é de se imaginar que as pessoas dessa geração
troquem de emprego com frequência ou mesmo empreendam por conta própria em
grande número. Com o poder da informação distribuído e menor capacidade de
controle por parte das organizações, esta geração começa a estabelecer um
padrão de relacionamento diferenciado com o “trabalho” uma vez que, diferentemente
de seus pais, avós e bisavós, não viveram épocas de guerras e desemprego
severos. Começa a emergir então uma nova forma de abordar o processo de
“tentativa e erro” inerentes ao processo de inovação: temos que “errar rápido”
para chegar ao projeto bem-sucedido! E de fato isso é possível de se fazer! “Landing pages”, Canvas, mentoria, escalabilidade e aceleração,
entre outras ferramentas, começam a fazer parte de um novo cardápio
empreendedor muito mais ousado e rico de possibilidades que contribuem para
“errar rápido” com menos temores.
O medo de errar começa a ser substituído pela
vontade de errar, porém em ciclos curtos, gastando pouco e aprendendo muito.
Essa talvez seja a diferença mais radical com relação ao passado: lidar com a
“frustração” como um fato corriqueiro e não negativo. Eric Ries faz sucesso com
seu livro “A startup enxuta”. Quando
se trabalha “enxuto” (lean) pode-se errar muitas vezes porque os custos
do erro são minimizados e os ganhos de aprendizado são maximizados.
Começamos
a ver um comportamento ousado, desafiante, inovador. Pai, me empresta um
capital para eu errar rápido? (Está instalado um choque de gerações). Eu só
empresto se tiver certeza que irá dar certo! Piá idiota? E em um banco, então,
como seria esta conversa? Mas quais são suas garantias reais para fazer isso?
O fato é que, de forma consciente ou
inconscientemente, esta geração começou a desenvolver uma nova forma de lidar
com o ato de “fracassar”. Dizem as
lendas corporativas que, para trabalhar no Vale do Silício, na Califórnia, o
“bom” currículo é o daquele candidato que “quebrou” vários negócios. Quem nunca
vivenciou um fracasso não serve. Sendo assim, quero destacar esta pequena
grande diferença que começa-se a vislumbrar como um cromossoma do DNA das
gerações contemporâneas: viver é arriscar-se, lançar-se, empreender. Ou seria
tudo a mesma coisa? Tendo a pensar que sim.
É óbvio que o contexto social e tecnológico
ajuda um pouco nessa nova forma de tratar-se o fracasso, porém nada substitui a
iniciativa individual, com autoestima alta, de propor-se a fazer algo e
...fazer! Esta centelha, esta sinapse, que, como um lampejo divino, faz a ideia
se concretizar e isso a geração “Y” parece ter de sobra. Nelson Rodrigues, sem
ter conhecido a internet, em sua incomensurável sabedoria de vida, já havia
sacado isso. Agora é minha vez de usar um clichê: “Você erra 100% dos chutes que não dá”. “Fracasso” é não tentar. Uma
tentativa que não deu (ainda) resultado, chama-se “aprendizado”. Certamente não
estamos frente a uma geração perdida mas a uma geração de sábios, ainda que
incompreendida, como costumam ser todas as gerações revolucionárias.sábado, 14 de novembro de 2015
ALINHANDO OS TERMOS:
INOVAÇÃO E ECONOMIA CRIATIVA
Daniele Farfus
Este artigo apresenta referências teóricas e práticas sobre
inovação, correlacionando-as à economia criativa, tendo como principal objetivo
levar o leitor a refletir sobre algumas perspectivas fundamentais do século
XXI. Inicia-se com a apresentação de conceitos básicos que irão apoiar as
discussões sobre inovação e economia criativa. Na sequência, apresenta-se a
concepção de produtos de inovação, processos e serviços que, associando ao tema
economia criativa, apresenta possibilidades concretas na sociedade globalizada,
bem como a instigação sobre a inserção e apropriação de conceitos sobre
desenvolvimento sustentável, organizações sustentáveis e organizações em
aprendizagem.
ALINHANDO A CONVERSA
Você já parou para analisar o cenário mundial no qual
estamos inseridos?
Vivemos atualmente em uma sociedade globalizada, com acessos
tecnológicos múltiplos. Fronteiras desapareceram e distâncias foram encurtadas.
Presenciamos diariamente o outro em
nossos lares, seja por meio das mídias televisivas ou por meio da internet. O
mundo se transforma de forma síncrona e acompanhamos as mudanças, muitas vezes
de forma passível, assistindo como expectadores.
Mas precisamos compreender que as transformações requerem
uma atitude consciente, sobretudo de perpetuação de questões que são essências
nas culturas locais, para a promoção do desenvolvimento global. Inovar é a
palavra de ordem, não um modismo. Pode ser compreendida como uma possibilidade
para o redesenho de estruturas, sobretudo quando associada a preocupações com
temas como: desenvolvimento local, promoção do outro, desenvolvimento
sustentável, mercados emergentes e outros.
A economia criativa navega por um cenário de novas
possibilidades a partir da realidade na qual está inserida, ou seja, a inovação
na área de serviços, mas de forma organizada e com peculiaridades que se
apresentam ao tema para uma reestruturação futura.
Assim sendo, a comunidade do futuro é uma comunidade está em
construção, sendo as gerações que virão dependentes dela. A inovação e a
economia criativa irão, com certeza, contribuir para esta comunidade que está
em construção.
E você, de que forma está contribuindo? Ou, quem sabe,
iniciando seu processo de contribuição?
Vale a pena a
reflexão a seguir:
O homem, nesse contexto, é em sua essência singular, mas
precisa do outro para atuar e ser social. Partindo dessa premissa, é necessário
que ele repense e compreenda como a sociedade se transformou e de que forma
pode reinventá-la. Este é um convite de reflexão para cada indivíduo que
compõem o todo social.
Você é convidado especial para uma construção coletiva, que
some os esforços, conecte as experiências e contribua para a mudança de
comportamentos, buscando a consolidação do termo economia criativa em um
contexto de sociedade complexa e dinâmica.
Assim, “[...] a inovação é um processo que começa nas mentes
de pessoas imaginativas. Não é por outra razão que os modelos de inovação
sempre fazem alguma referência às fontes de ideias em alguma fase do processo
de inovação[...]” contemplada e
perpassando pelos principais tópicos que abordam o tema economia criativa.
Inicialmente serão apresentados os conceitos de inovação,
correlacionando-os aos aspectos fundamentais do desenvolvimento sustentável.
Posteriormente, será abordada a questão da inovação associada à economia
criativa, sustentando, estas poucas páginas, a pretensão de semear um novo
paradigma:
É dentro deste novo paradigma eu precisamos situar-nos para
sermos capazes de nomear os novos atores e os novos conflitos, as
representações do eu e das coletividades que são descobertas por um novo olhar,
que põe diante de nossos olhos uma nova paisagem.
Uma paisagem recoberta de pessoas com o modelo mental
contributivo para com o desenvolvimento econômico da sua localidade, por meio
da economia criativa, fazendo parte da consolidação deste conceito.
CONTEXTUALIZANDO A
INOVAÇÃO
Você já deve ter percebido o quanto tem se falado sobre
inovação nos últimos tempos. Mas porque será que todos falam? Será que é
somente para atender ao cenário econômico? Será que se inova somente para se
buscar competitividade industrial? Ou quem sabe existam questões sistêmicas que
possam ser consideradas?
Particularmente, adoro a ideia de uma visão mais abrangente,
e convido você a navegar nesta possibilidade comigo.
INICIANDO A REFLEXÃO
A partir de estudos, percebe-se que novos referenciais estão
sendo continuamente buscados para a criação de soluções que agreguem valor para
todos:
[...] na vida social de hoje, somos incessantemente
confrontados pela questão de se e como é possível criar uma ordem social que
permita uma melhor harmonização entre as necessidades e inclinações pessoais
dos indivíduos, de um lado, e, de outro, as exigências feitas a cada individuo
pelo trabalho cooperativo de muitos, pela manutenção e eficiência do todo
social. Não há dúvida de que isso – o desenvolvimento da sociedade de maneira a
que não apenas alguns, mas a totalidade de seus membros tivesse a oportunidade
de alcançar essa harmonia – é o que criaríamos se nossos desejos tivessem poder
suficiente sobre a realidade.
Temos, por meio dos processos criativos, o poder de
interferir em nossas realidades de forma consciente, quando buscamos a
articulação dos indivíduos em rede, trabalhando de forma sintonizada e
harmônica, potencializando o que define Elias (1994, p. 19): “[...] Não há
dúvida de que cada ser humano é criado por outros que existiam antes dele. Ele
cresce e vive como parte de uma associação de pessoas, de um todo social – seja
este qual for [...], e onde se localize, no passado, no presente ou futuro”. A
economia criativa abrange estes aspectos quando se propõe a ampliar a criar uma
teia de produção de riqueza cultural na sociedade atual.
Posicionar-se em relação a essa teia é ponto de partida para
a possibilidade de revisitar modelos e reestruturá-los, cada pessoa na sua
comunidade, atuando no seu próprio tempo, compreendendo o seu entorno e
construindo possibilidades de forma harmoniosa com um posicionamento emergente
para a vida de forma sistêmica, porque:
O que está em jogo não é propriamente a Terra, mas a
qualidade de vida humana e do processo civilizatório conforme nos acostumamos a
conhecê-los. Isto significa lidar com aspectos econômicos, tecnológicos,
sociais, culturais e políticos que vão além das questões do ambiente natural.
Tornou-se imperativo compreender que nunca poderemos construir e conservar um
sistema harmonioso se o ponto de partida for uma visão estreita.
Assim, neste contexto de sociedade ampliada, fundamental
será fortalecer o conceito de atuação em rede, como:
[...] um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no
qual uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de
redes concretas de que falamos. [...] Redes são estruturas abertas capazes de
expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam
comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos
de comunicação [...] Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto
altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio.
Sim, a atuação em rede, na qual um depende e é
interdependente dos outros, faz-se presente. Para avançarmos, precisamos dos
outros, com suas competências e seus olhares, muitas vezes divergentes dos
nossos. Para a economia criativa, a atuação em rede é condição essencial!
BASES TEÓRICAS QUE
SUSTENTAM A INOVAÇÃO
Mas e a inovação, onde se encontra? Encontra-se em: um processo de procura, descoberta,
experimentação, desenvolvimento, imitação, e, adoção efetiva de novos produtos,
de novos processos de produção ou novos arranjos organizacionais. A inovação
envolve uma atividade intrinsecamente incerta de pesquisa e solução de
problemas, baseada em variadas combinações de conhecimentos públicos e
privados, princípios científicos gerais e experiências idiossincráticas,
procedimentos sistematizados e competências tácitas.
Temos também o que poderemos chamar documento referência
para a inovação, que é o Manual de Oslo, que foi concebido pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sendo a principal
referência no tema. Para esta publicação, “A inovação é um processo contínuo.
As empresas realizam constantemente mudanças em produtos e processo e buscam
novos conhecimentos, e vale lembrar que é mais difícil medir um processo
dinâmico do que uma atividade estática” (OCDE, 2005, p. 21). Isto é inovação.
Ainda de acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 23),
existem quatro tipos de inovação:
1. Inovações
de produtos: envolvem mudanças significativas nas potencialidades de produtos e
serviços. Incluem-se bens e serviços totalmente novos e aperfeiçoamentos
importantes para produtos existentes
2. Inovações
de processo representam mudanças significativas nos métodos de produção e
distribuição.
3. Inovações
organizacionais referem-se à implementação de novos métodos organizacionais,
tais como mudanças em práticas de negócios, na organização do local de trabalho
ou nas relações externas da empresa.
4. As
inovações de marketing envolvem a implementação de novos métodos de marketing,
incluindo mudanças no design do produto e na embalagem, na promoção do produto
e sua colocação, e em métodos de estabelecimento de preços de bens e de serviço.
O documento aborda a inovação como: a implementação de um
produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo,
ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas
de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.
Então, para definir inovação, o básico é que haja novidade
ou significativa melhoria para determinado objeto, incluindo produtos,
processos e métodos em que as empresas são pioneiras e aqueles que foram
adotados de outras empresas ou organizações.
Paralelamente a esta questão, precisamos refletir se a inovação
promove o desenvolvimento econômico. Segundo Farfus (2008, p. 340), “afirma-se
que há um elo indissociável entre inovação e desenvolvimento econômico, na
medida em que a criação e difusão de novos conhecimentos alavanca o surgimento
de novos produtos e métodos”. Desse modo, o conceito de inovação apresenta os
seguintes aspectos, de acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005), a inovação:
a) Está
associada à incerteza sobre os resultados das atividades inovadoras;
b) Envolve
investimentos que podem render retornos potenciais no futuro;
c) É o
substrato dos transbordamentos de conhecimentos;
d) Requer a
utilização de conhecimento novo ou um novo uso ou combinação para o
conhecimento existente;
e) Visa a
melhorar o desempenho de uma empresa com ganho de uma vantagem competitiva por
meio da mudança da curva de demanda de seus produtos ou de sua curva de custos
ou pelo aprimoramento da sua capacidade de inovação.
Para que isso ocorra, fundamental é a formação de um capital
intelectual orientado para essas questões, como também que outros setores
econômicos compreendam com clareza a importância dos processos inovadores para
diversos contextos organizacionais, com a clareza do que abrange o seu
conceito.
PARA ALÉM DA INOVAÇÃO
O desafio atual colocado é que as inovações estejam
alicerçadas no conceito de desenvolvimento sustentável em organizações
diversas. A apropriação desse conceito se faz necessária para diferentes
pessoas/profissionais; sobretudo, ainda é fundamental sua disseminação.
As primeiras discussões em relação ao tema datam de 1972, em
um documento intitulado The limits to growth, produzido pelo Clube de Roma. Tal
documento reforça a ideia de que questões relacionadas ao meio ambiente ocorrem
de forma mundial e acelerada. Muito aconteceu desde então e, em 1987, é
publicado um relatório, denominado Relatório de Gro-Brundland, elaborado por
uma Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que define com
precisão o termo “desenvolvimento sustentável”, até hoje utilizado e não
conquistado:
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da
geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as
pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento
social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo,
um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats
naturais.
Para o cenário de inovações pautadas no conceito de economia
criativa, ainda podemos refletir sobre inovações que promovam organizações
sustentáveis, que representa: simultaneamente procura ser eficiente em termos
econômicos, respeitar a capacidade de suporte do meio ambiente e ser
instrumento de justiça social, promovendo a inclusão social, a proteção às
minorias e grupos vulneráveis, o equilíbrio entre gêneros, etc.
Ainda vale trazer, indo além do tema inovação, a ideia de
organizações em aprendizagem, que são: as organizações em que as pessoas
expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que
verdadeiramente desejam, onde novos e amplos modelos ou pensamentos são
educados, onde a aspiração coletiva é um conjunto livre, e onde pessoas estão
aprendendo continuamente como aprender juntos.
Fundamental para o conceito de economia criativa é a
inovação, associada ao conceito de desenvolvimento sustentável, compreendendo a
importância de organização sustentável e ainda com uma “pitada” de organizações
em aprendizagem.
SEM LONGOS DISCURSOS
De forma breve, estas páginas tiveram como objetivo instigar
você, leitor, a se aprofundar no tema inovação, compreendendo seu
posicionamento estratégico para o redesenho social. Dessa forma, tive a
pretensão de somente apresentar alguns conceitos fundamentais e essenciais para
que você continuasse a descobrir a inovação como um universo de possibilidades,
ainda mais, se associado ao conceito de economia criativa.
Há que se considerar, entretanto, que a inovação é essencial
para a manutenção das organizações no século XXI, e aquelas que não
compreenderem esta importância talvez deixem de existir no mercado globalizado.
A economia criativa também começa a ocupar o seu lugar de destaque neste
cenário. Ampliar o olhar, quando se propõe a realizar algo grande, não
necessariamente em tamanho, mas em propósito, é essencial, e a inovação
associada a outros aspectos teóricos abordados pode levar você, leitor, à
realização de ideias inovadoras, muito além do que se propôs inicialmente.
Convidei você, no início deste artigo, para navegar comigo
em um cenário sistêmico para a inovação. Espero que sua curiosidade tenha sido
despertada, pois somente em poucas páginas o tema não se esgota, e acredito
que, como processo criativo, não existe possibilidade de esgotamento, pois, a
partir de novas conexões, novas redes, referenciais e experiências, você pode
ir além e fazer com que a economia criativa produza mudanças significativas no
seu contexto local, contribuindo para o movimento global.
Economia Criativa - Inovação, Cultura, Tecnologia e Desenvolvimento
Organizadores: John Jackson Buettgen e Schirlei Mari Freder https://www.jurua.com.br/shop_item.asp?id=23796sexta-feira, 6 de novembro de 2015
A Sempre Móvel Imaginação, por Marcelo Alessandro Fernandes
Uma vez perguntaram a Albert Einstein como
ele havia conseguido vislumbrar a teoria da relatividade. Ele respondeu que
certa vez estava caminhando pelas ruas de Londres à noite e começou a imaginar
o que aconteceria com ponteiros do Big Ben caso a construção viesse a se
deslocar na velocidade da luz.
Será que a hora marcada sofreria alguma
alteração em relação a hora marcada no ponto de origem?
Deste momento em diante, ele começou a criar
uma teoria que modificaria radicalmente o entendimento sobre a relação
espaço-tempo.
Em outras entrevistas, ele dizia se imaginar
em cima de um cometa percorrendo os confins do universo para poder “observar”
os eventos dos quais ele estudava.
Isso nos mostra que mesmo em áreas em que a
racionalidade parece desempenhar um papel central para os seguidos avanços, as
grandes descobertas se relacionam com a capacidade que os indivíduos têm de
libertar sua imaginação junto aos grilhões da experiência de senso comum.
Como definido por Bachelard[1], a imaginação é um dinamismo organizador, e
muito longe de formar imagens, a imaginação é potência dinâmica que deforma as
cópias objetivas fornecidas pela percepção.
Algo de ativo e
prazeroso toma conta de nossos espíritos quando nos entregamos ao exercício da
imaginação.
A experiência
imaginante é sempre uma experiência que ultrapassa outra já vivida.
Comprazemo-nos
pelo livre desejo de criar como algo que potencializa nossa condição humana.
Uma atmosfera
de irrealidade se forma junto a nós, carregada de uma plenitude que só
poderíamos encontrar em nós mesmos, fazendo com que, nestes momentos, um ímpeto
libertador nos conduza para além das amarras que restringem nossos espíritos.
Diria que tal
condição vai muito além das maiores potencialidades que qualquer outro processo
sistematizado possa trazer nos termos que uma ação criativa requeira.
Na verdade, não
podemos falar em realidade como algo dissociado da nossa imaginação[2]. Sempre precisaremos de novas imagens,
criadas nas nossas mentes para nos servirmos de meios que possibilitem captar
coisas que estão além da nossa percepção.
Isso porque muito do que produzimos de significado sobre a realidade só
pode ser feito de forma plena pela via da construção imaginativa, a exemplo dos
livros, que, quando são materializados em filmes ou personagens concretos,
perdem sua capacidade poética de expressão. Perdem justamente elementos de
imaginação.
As ruas
históricas de uma bela cidade como Paris, Veneza ou Rio de Janeiro, talvez
causem uma viva impressão nos nossos espíritos por nos induzir ao devaneio. A
experiência vital não acaba e não se restringe ao concreto.
Podemos
imaginar nosso dia, nosso futuro e até mesmo reimaginarmos nosso passado,
quando recriamos os acontecimentos na forma como gostaríamos que devessem ter
transcorrido.
A imaginação
nos dá caminhos para um maior conhecimento da nossa realidade e sobre nós
mesmos e isto nos permite ir além, propiciando a criação de coisas nunca antes
conhecidas.
O próprio
processo de aprendizagem necessita ser ativo e imaginativo para que de fato
possamos vislumbrar algo novo e acreditamos na possibilidade desse algo vir a
existir.
Talvez essa
capacidade de transcender e vislumbrar novos mundos tenha sido vital na nossa
evolução enquanto espécie. Prefiro pensar que nós não somos o resultado de um
processo evolutivo, como um produto que se viabilizou pela adaptação frente às
diferentes situações para sobreviver.
Prefiro pensar
que, na verdade, somos seres imaginativos. Seres que buscam extrair significado
de suas experiências, mas que não se restringem e não se condicionam a estas.
Seres que podem recriar sua condição mais livremente.
Muitos
pesquisadores apontaram para a importância central das imagens como fatores
preponderantes da intelecção[3]. Que, quando
reprimidas, não possibilitariam o surgimento de novos raciocínios e, ao
invés disso, temos uma ausência de resposta criativa. Pontos de vista que
poderiam surgir são, então, inibidos, e em substituição à novidade trazida pelo
insight iluminador, temos a mente
dominada por padrões defensivos e rotineiros.
A representação
simbólica possui um caráter fundamental nesse processo, pois permite o
surgimento de padrões de pensar desvinculados da orientação dominante. Permite
que tenhamos percepções ambivalentes, ambíguas, artísticas e mais abertas para
expressão poética.
A condição do
ser poético nos permite transitar nos limites do incerto, do indefinido.
Nesse sentido, a cognição é enriquecida pelo colorido das interpretações
e pela possibilidade de criação de novos significados.
Sem o símbolo, sem
a imagem dinamizada, o pensamento ficaria enredado a uma sequência de perguntas
e respostas rotineiras, permitindo com que investiguemos apenas aquilo que já
sabemos, como se estivéssemos sempre detalhando mais e mais, com pincéis cada
vez mais finos, uma pintura a óleo que não se modifica essencialmente.
Isso porque
nossa mente é senciente[4], isto é, está ciente de si mesma ao mesmo
tempo em que se ocupa de refletir sobre seu próprio conteúdo. Ela sempre está
na realidade que ela própria cria e ressignifica. Isso permite que tenhamos um
dinamismo que a um só tempo se deixa influenciar por eventos externos que nos
chegam através dos sentidos, mas, ao mesmo, abre-se para nossa capacidade mais
livre e autônoma de produzir novos significados a partir da nossa capacidade de
imaginar livremente.
Nesse sentido,
a inventividade humana seria a resultante dos processos imaginativos e
intelectivos que moldam e também dão soluções novas aos desafios concretos. Ou
seja, a imaginação, muito mais do que trabalhar afastada das condições
materiais, floresce pela interação direta com as condições dos problemas.
Um artista
plástico ou um designer poderão ter uma ideia inicial antes mesmo de começar a
esboçar uma solução para um problema. Mas esta ideia poderá sofrer modificações
significativas, tanto decorrentes da necessidade de adaptação às condições como
também decorrentes da pessoa que continua a reelaborar imaginativamente sua
realidade.
As condições
materiais como a tinta, papel, moldes, e demais materiais que nos “desafiam” a
compor um artefato criam marcas “impressivas” na nossa mente, induzindo a uma
dinamização imaginativa, e, portanto, criativa, que decorre também no processo
de construção.
O empreendedor
criativo não é um escravo das condições, que parecem sempre indicar soluções
claras e definidas, nem um observador distanciado, que está além da influência
direta dos fatores que circunscrevem os problemas. Sempre existirá a
possibilidade de recriação das condições que se apresentam por meio de um
crescente de imaginação e aprendizado.
Negócios mais
imaginativos parecem se relacionar com o cerne da criação de riquezas nos
mercados de hoje. Muito além da dimensão técnica e funcional, a originalidade e
o colorido artístico estão cada vez mais presentes nos novos produtos e
serviços, na filosofia e no espírito das organizações mais inovadoras.
Essas
organizações buscam traduzir em uma nova áurea o encantamento e os sonhos
buscados pelas pessoas, indispensáveis à nossa condição.
A humanidade
sempre pediu por mais cores e poesia. Sempre quis maravilhar-se. Através da
imaginação, poderemos continuar a saciar essa necessidade inerente ao espírito
humano.
Podemos
relacionar a criatividade e mesmo a inovação pegando de empréstimo noções caras
a arte que, por sua vez, busca reinterpretar e gerar modificações
significativas no mundo através de aspirações do que poderia vir a ser, na
plenitude imaginativa presente na mente de qualquer pessoa[5]. A sua maior restrição não seriam as
barreiras do perceber, mas sim as barreiras do imaginar, algo muito diferente
em essência, pois o imaginar envolve um movimento que é criador em si mesmo.
Pode modificar nossa noção sobre o mundo de forma a enriquecer a experiência
mais prosaica. Nesse sentido é que a imaginação se sobressai do caráter
utilitarista e imediatista de boa parte das abordagens utilizadas na resolução
de problemas.
Para tanto,
existe um enorme “espaço de imaginação” a ser trabalhado junto às pessoas e
suas organizações, que possam se desdobrar em infinitas possibilidades mais
ricas em sentido para a ação humana.
Mesmo as
pessoas que trabalham rotineiramente com a criatividade sabem o quão difícil é
manter a imaginação potencializada. Isso acontece justamente porque cremos que
ganhos práticos decorrem igualmente do pensar orientado aos limites de um
problema e, com isso, abandonamos prematuramente voos mais imaginativos por uma
descrença enraizada em nosso inconsciente de que, no fim das contas, imaginar é
apenas um jogo que a mente se utiliza para não ceder às pressões do real.
Nesse sentido,
ser imaginativo é estarmos desligados da nossa realidade e, ao fazermos isso,
nos tornaríamos vulneráveis às vicissitudes e armadilhas do nosso cotidiano.
Mas, se entendermos
que a realidade não está fora de nós, e sim que ela está em nossa mente, e que
ao desligarmos os laços com
[1]
BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos – Ensaio sobre a
Imaginação do Movimento. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
[2]
DURAND, Gilbert. As Estruturas Antropológicas do Imaginário. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
[3]
LONERGAN, Bernard. Insight – Um Estudo Sobre o Conhecimento Humano. É realizações,
2010.
[4]
ZUBIRI, Xavier. Inteligência e Realidade. É Realizações, 2011.
[5]
GILSON, Etienne. Introdução às Artes do Belo. É Realizações, 2010.
O livro está disponível para venda pela Editora Juru https://www.jurua.com.br/shop_item.asp?id=23796
sábado, 24 de outubro de 2015
Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável estreia a sua 9ª edição.
A EDUCAÇÃO MOVE VOCÊ, SUAS IDEIAS MOVEM O MUNDO
O PRÊMIO
Uma
iniciativa do Instituto Superior de Administração e Economia
- ISAE e do Grupo
Paranaense de Comunicação – GRPCOM, o Prêmio Ozires Silva de
Empreendedorismo Sustentável estreia a sua 9ª edição. O
Prêmio irá avaliar os melhores projetos nas
áreas de empreendedorismo e sustentabilidade, que contribuam para o
desenvolvimento da sociedade. Os inscritos serão divididos nas
modalidades: empresarial, comunidade acadêmica e pessoa
física. Já os projetos, serão separados nas categorias Empreendedorismo Econômico, Ambiental, Educacional e Social.
Os
participantes que tiverem os seus trabalhos selecionados após a inscrição,
terão a oportunidade de exibir os seus projetos nos
Grupos de Trabalho e a chance de detalhá-los para uma banca
avaliadora.
As
inscrições do prêmio podem ser realizadas até 04 de dezembro, pelo site do prêmio. Os vencedores serão
conhecidos durante a cerimônia de premiação.
Empreendedorismo Social ; Empreendedorismo Ambiental;
Empreendedorismo na Educação; Empreendedorismo Econômico
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Sir Ken Robinson no TED "Inovação, Criatividade e Recursos Humanos na educação e nos negócios".
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(Sir Ken Robinson - Imagem Wikipedia)) |
O britânico Sir Ken Robinson, nascido em 1950, é um autor, palestrante e consultor internacional em educação nas artes para o governo, organizações sem fins lucrativos, educação e artes. Foi Diretor de Artes nas Escolas Project (1985-1989), Professor de Educação Artística da Universidade de Warwick (1989-2001), e nomeado Cavaleiro em 2003 por serviços prestados à educação. Reconhecido internacionalmente na área da inovação, criatividade e recursos humanos na educação e nos negócios.
A seguir algumas de suas participações no TED.
(Colaboração: Maíra Ruggi/ ISAE)
***
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Cátedra Londrina Realiza Palestra sobre Educação Empreendedora
No próximo dia 12 de junho, às 8h, no Auditório da AEBEL será realizada a palestra Educação Empreendedora. Trata-se de mais uma proposta de estudo da Cátedra Ozires Silva Londrina para o ano de 2015. O encontro conta com a presença de Rose Friedman, pedagoga na formação de professores da rede pública, e Luzimar Mazetto, assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação. A mediação será realizada por Rodrigo Martins, membro da Cátedra Ozires Silva e Consultor na Clearx Consultoria.
terça-feira, 19 de maio de 2015
Como adquirir livro sobre Economia Criativa lançado pela Cátedra Ozires Silva - Curitiba.
A informação a seguir é para os interessados em adquirir o livro sobre Economia Criativa lançado no dia 11 de fevereiro deste ano. A compra pode ser feita direto no site da Editora Juruá ou se você estiver em Curitiba poderá comprar os últimos exemplares da primeira tiragem direto com os autores.
***
segunda-feira, 27 de abril de 2015
Consciência.
(Imagem: O Mundo da Usinagem) |
A superpopulação
do mundo e os problemas advindos da insuficiência de recursos naturais é o tema
central do novo livro de Dan Brown, Inferno,
que figurava, em agosto de 2013, na lista de best sellers do jornal The New York Times e da Revista Veja por 11
semanas consecutivas.
Porém, a
discussão sobre superpopulação mobiliza pensadores há séculos. O tema veio à
tona em 1798 com o economista Thomas Malthus. Ele dizia que o nascimento de
pessoas crescia em projeção geométrica e a produção de alimentos de forma
aritmética, sendo assim, em algum ponto faltaria comida para tantas bocas.
Em 2011 foi
atingida a marca de 7 bilhões de habitantes no planeta e o foco da discussão
mudou. Hoje, a maioria dos pesquisadores não acredita que a superpopulação é
uma ameaça, mas sim a relação de consumo das pessoas.
O
demógrafo Roberto Luiz do Carmo, do Núcleo de Pesquisas da População da
Universidade de Campinas, quando perguntado pela Revista Galileu qual a
capacidade populacional que o planeta suportaria, citou Joel
E. Coehn:
A capacidade depende do nível de consumo e do
tipo de uso que essa população faça dos recursos ambientais. Em um padrão de
consumo muito baixo, a Terra pode sustentar muito mais do que os 7 bilhões
atuais. Ao nível de consumo crescente em que vivemos, com o tipo de uso que se
faz dos bens naturais, creio que já ultrapassamos o limite. (…) O grande
desafio das próximas décadas é a busca da redução das desigualdades, sem que
isso signifique dilapidação/contaminação dos recursos naturais. Mas isso exige
outro estilo de desenvolvimento econômico e social (CARMO, in GALILEU, 2012).
A preocupação com o consumo da população, principalmente em países desenvolvidos,
é tema recorrente de pesquisas e livros. Exemplo disso é o trabalho de Don Tapscott e Anthony D. Williams, Macrowikinomics (2011) mostrando que boas
ideias muitas vezes nascem de ambientes colaborativos. Eles citam cases de empresas, e mesmo de famílias,
que desenvolvem soluções para demandas e as colocam à disposição da
coletividade, ou então de esforços coletivos para resolução de problemas.
Segundo pesquisa da Globescan, de novembro de 2012, com mais de
seis mil respondentes em seis países, o modelo de consumo está mudando. Os
consumidores afirmam que, como sociedade, é preciso consumir muito menos e
trabalhar para melhorar o ambiente para as gerações futuras. Eles acreditam que
as empresas devem tratar de questões sociais e ambientais - como água, saúde e
salário justo - por meio de seus produtos, práticas e políticas. E estão
interessados em compartilhar ideias, opiniões e experiências para ajudar as
empresas a criarem melhores novas soluções.
A atuação
das empresas nesse contexto é fundamental. Algumas delas têm faturamento maior
que vários países e devem se sentir responsáveis e partícipes desse cenário. Como
citado no Macrowikinomics, em vez de
criar algo e guardar a sete chaves, é preciso converter as inovações numa
plataforma na qual outros possam auto organizar-se e adicionar valor. Em outras
palavras, não ser apenas criador, mas curador.
Outro livro que discute a sobrevivência do ser
humano com uma visão positiva é Abundância
(2012). Os autores, Steven Kotler e Peter H. Diamandis, defendem que com avanço das tecnologias, a
revolução do “faça você mesmo”, o dinheiro de tecnofilantropos ricos usado para
solucionar problemas do mundo e o nível mais carente da população que está se
plugando a economia global, o mundo vai crescer exponencialmente e para melhor.
O que antes demorava uma década para acontecer, hoje se resolve de maneira bem
mais rápida e colaborativa.
Nesse
sentido, o poder empreendedor de empresas e pessoas é altamente necessário para
entregar às próximas gerações um mundo melhor. Como diz Ozires Silva no livro Cartas a um Jovem Empreendedor “... todo
empreendedor bem-sucedido que eu conheço sempre demonstrou ser capaz de adaptar
seu sonho às condições objetivas à sua frente” (2007, p.26).
Referências Bibliográficas
TAPSCOTT, Don &
WILLIAMS, Anthony D. Macrowikinomics:
reiniciando os negócios e o mundo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
DIAMANDIS, Peter H. & KOTLER, Steven.
Abundância: O Futuro é Melhor do que você imagina. Editora HSM, 2012.
SILVA,
Ozires. Cartas a um jovem empreendedor. Realize seu sonho. Vale a pena. São Paulo. Elsevier e Campos, 2006.
Globescan.
Pesquisa Repensando o Consumo de 27/11/12. Disponível em: http://www.globescan.com/component/edocman/?view=document&id=46&Itemid=591 (acessado em 04/08/13)
Revista Galeleu. Crescimento da população não ameaça
planeta, consumo sim. Disponível em:
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI291017-17770,00-CRESCIMENTO+DA+POPULACAO+NAO+AMEACA+PLANETA+CONSUMO+SIM.html (acessado em 04/08/13)
The
New York Times. Best sellers books. Disponível em:
http://www.nytimes.com/best-sellers-books/combined-print-and-e-book-fiction/list.html (acessado em 04/08/13)
Revista Veja. Livros mais
vendidos. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/ (acessado em 04/08/13)
Maíra
Oliveira Ruggi é designer de formação, tem MBA em Marketing pela UFPR e Gestão
Estratégica de Empresas pelo ISAE/FGV. Trabalha no Centro de Pesquisa do ISAE,
é curiosa e gosta de ler sobre sustentabilidade e educação.
***
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
8ª Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável divulga vencedores 2015.
Na última quarta-feira (11), ocorreu a cerimônia de entrega do 8° Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável. A premiação visa reconhecer os melhores projetos de empreendedorismo e sustentabilidade do Brasil, sempre buscando incentivar práticas e ideias que contribuam para o desenvolvimento da sociedade.
Ao todo, foram 87 projetos de pequenas, médias e grandes
empresas, pessoa física (Plano de Negócios) e comunidade acadêmica, inscritos
nas categorias Empreendedorismo Econômico, Ambiental, na Educação e Social.
De acordo com o presidente do ISAE/FGV, Norman de Paula
Arruda Filho, “o conjunto das iniciativas destacadas pela premiação traz, com
certeza, uma mudança importante de paradigmas. É isso que buscamos”. O patrono
do prêmio, Dr. Ozires Silva, também esteve presente para acompanhar a
cerimônia. Ele, que é fundador da Embraer e ex-ministro da Infraestrutura, dá
título ainda a Cátedra no ISAE e destaca-se por sua contribuição no
desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira.
Durante o evento, foi lançado também, o livro “Economia Criativa: Inovação, Cultura, Tecnologia e Desenvolvimento” uma produção da Cátedra Ozires Silva de Empreendedorismo e Inovação
Sustentáveis. Na obra, uma coletânea de 10 artigos, inspirados nas
palavras-chave da temática, tentam esclarecer o que vem a ser Economia Criativa
O 8° Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável
2015 foi realizado pelo ISAE/FGV em parceria com Grupo Paranaense de
Comunicação (GRPCOM) e tem apoio do SEBRAE/PR, ITAIPU, Prefeitura de Curitiba,
Capítulo Brasileiro do Pacto Global e Pixel Soluções Audiovisuais.
Confira a
lista dos premiados 2015:
Empreendedorismo na Educação
- “Feira Nacional Do Empreendedorismo”, do Cebrac, na
modalidade empresa de médio e grande porte (Londrina-PR)
- “Quíron - Educação Para O Protagonismo”, da Escola Quíron,
na modalidade empresa de micro e pequeno porte (Curitiba-PR)
- “Projeto Leia Maripá”, plano de negócios de autoria de
Teresinha Steffens (Maripá-PR)
- “Tecnologia Na
Educação - Metodologia Classroom In Group”, projeto apresentado pelo estudante
Ayrson Souza Santos (Maringá-PR)
Empreendedorismo Social
- “Empreendedorismo Social: Desenvolvendo Lideranças
Transformadoras” na modalidade empresa de grande porte (Curitiba-PR)
- “Instituto Parar Como Estratégia Para Profissionalizar Os
Gestores De Frotas E Implantar A Cultura De Segurança No Trânsito Nas
Corporações” na modalidade empresa de médio porte apresentado pela GolSat
(Londrina-PR)
- “Banco Comunitário Tupinambá”, na modalidade empresa de
micro e pequeno porte, do Instituto Tupinambá (Belém-PA)
- “Gama.Tv” apresentado pelo estudante André José Montoro
Varanda (Santana de Parnaíba - SP)
- “Cabeça De Coco Teatro De Bonecos”, plano de negócios
apresentado por Abel Domingues Souza (Curitiba-PR)
Empreendedorismo Econômico
- “Estudo De Valoração Econômica Total Da Reserva Natural
Vale”, na modalidade empresa grande porte, da Vale (Rio de Janeiro – RJ)
- “Projeto De Confecção Diversificando A Atividade Econômica
Local”, na modalidade empresa médio porte, apresentado pela Prefeitura de
Telêmaco Borba (Telêmaco Borba – PR)
- “Metrô Elevado Sobre Pneus: Uma Alternativa Ao Metrô
Subterrâneo Sobre Trilhos”, de autoria do estudante Rinaldo de Andrade Pinto
(Curitiba-PR)
- “Uso Do Planejamento Avançado Como Serviço On-Line No
Desenvolvimento Sustentável E Econômico De Empresas”, plano de negócios
apresentado por Márcio Aleksandro Daniel (Sarandi – PR)
- “Aquarela jardins e harmonia de ambientes”, recebeu menção
honrosa, da empresa Aquarela jardins e harmonia de ambientes (Curitiba – PR)
Empreendedorismo Ambiental
- “Transformando Lodo De Esgoto Em Adubo Orgânico E
Diminuindo A Geração De Gases De Efeito Estufa”, na categoria empresa grande
porte, da Sabesp (Botucatu – SP)
- “Campanha Squeeze”, na modalidade médio porte, apresentado
pela empresa Cataratas (Foz do Iguaçu – PR)
- “Reaproveitamento De Resíduos Da Piscicultura: Unificando
Bionegócios E Sustentabilidade”, na categoria micro e pequeno porte,
apresentado pela PISCIS (Eusébio – CE)
- “Criação De Aplicativo Para Dispositivos Móveis Para O
Descarte Correto De Resíduos Sólidos Em Curitiba”, plano de negócios escrito
por Bernardo Vaz de Oliveira Soares (Curitiba-PR)
- “Concretoautoadensável Com Cinza Do Bagaço Da
Cana-De-Açúcar Em Substituição Parcial À Areia”, elaborado pela estudante
Marisa Fujiko Nagano (Maringá-PR)
(por Gustavo Loiola / Perspectivação – ISAE)
***
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