(Imagem: O Mundo da Usinagem) |
A superpopulação
do mundo e os problemas advindos da insuficiência de recursos naturais é o tema
central do novo livro de Dan Brown, Inferno,
que figurava, em agosto de 2013, na lista de best sellers do jornal The New York Times e da Revista Veja por 11
semanas consecutivas.
Porém, a
discussão sobre superpopulação mobiliza pensadores há séculos. O tema veio à
tona em 1798 com o economista Thomas Malthus. Ele dizia que o nascimento de
pessoas crescia em projeção geométrica e a produção de alimentos de forma
aritmética, sendo assim, em algum ponto faltaria comida para tantas bocas.
Em 2011 foi
atingida a marca de 7 bilhões de habitantes no planeta e o foco da discussão
mudou. Hoje, a maioria dos pesquisadores não acredita que a superpopulação é
uma ameaça, mas sim a relação de consumo das pessoas.
O
demógrafo Roberto Luiz do Carmo, do Núcleo de Pesquisas da População da
Universidade de Campinas, quando perguntado pela Revista Galileu qual a
capacidade populacional que o planeta suportaria, citou Joel
E. Coehn:
A capacidade depende do nível de consumo e do
tipo de uso que essa população faça dos recursos ambientais. Em um padrão de
consumo muito baixo, a Terra pode sustentar muito mais do que os 7 bilhões
atuais. Ao nível de consumo crescente em que vivemos, com o tipo de uso que se
faz dos bens naturais, creio que já ultrapassamos o limite. (…) O grande
desafio das próximas décadas é a busca da redução das desigualdades, sem que
isso signifique dilapidação/contaminação dos recursos naturais. Mas isso exige
outro estilo de desenvolvimento econômico e social (CARMO, in GALILEU, 2012).
A preocupação com o consumo da população, principalmente em países desenvolvidos,
é tema recorrente de pesquisas e livros. Exemplo disso é o trabalho de Don Tapscott e Anthony D. Williams, Macrowikinomics (2011) mostrando que boas
ideias muitas vezes nascem de ambientes colaborativos. Eles citam cases de empresas, e mesmo de famílias,
que desenvolvem soluções para demandas e as colocam à disposição da
coletividade, ou então de esforços coletivos para resolução de problemas.
Segundo pesquisa da Globescan, de novembro de 2012, com mais de
seis mil respondentes em seis países, o modelo de consumo está mudando. Os
consumidores afirmam que, como sociedade, é preciso consumir muito menos e
trabalhar para melhorar o ambiente para as gerações futuras. Eles acreditam que
as empresas devem tratar de questões sociais e ambientais - como água, saúde e
salário justo - por meio de seus produtos, práticas e políticas. E estão
interessados em compartilhar ideias, opiniões e experiências para ajudar as
empresas a criarem melhores novas soluções.
A atuação
das empresas nesse contexto é fundamental. Algumas delas têm faturamento maior
que vários países e devem se sentir responsáveis e partícipes desse cenário. Como
citado no Macrowikinomics, em vez de
criar algo e guardar a sete chaves, é preciso converter as inovações numa
plataforma na qual outros possam auto organizar-se e adicionar valor. Em outras
palavras, não ser apenas criador, mas curador.
Outro livro que discute a sobrevivência do ser
humano com uma visão positiva é Abundância
(2012). Os autores, Steven Kotler e Peter H. Diamandis, defendem que com avanço das tecnologias, a
revolução do “faça você mesmo”, o dinheiro de tecnofilantropos ricos usado para
solucionar problemas do mundo e o nível mais carente da população que está se
plugando a economia global, o mundo vai crescer exponencialmente e para melhor.
O que antes demorava uma década para acontecer, hoje se resolve de maneira bem
mais rápida e colaborativa.
Nesse
sentido, o poder empreendedor de empresas e pessoas é altamente necessário para
entregar às próximas gerações um mundo melhor. Como diz Ozires Silva no livro Cartas a um Jovem Empreendedor “... todo
empreendedor bem-sucedido que eu conheço sempre demonstrou ser capaz de adaptar
seu sonho às condições objetivas à sua frente” (2007, p.26).
Referências Bibliográficas
TAPSCOTT, Don &
WILLIAMS, Anthony D. Macrowikinomics:
reiniciando os negócios e o mundo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
DIAMANDIS, Peter H. & KOTLER, Steven.
Abundância: O Futuro é Melhor do que você imagina. Editora HSM, 2012.
SILVA,
Ozires. Cartas a um jovem empreendedor. Realize seu sonho. Vale a pena. São Paulo. Elsevier e Campos, 2006.
Globescan.
Pesquisa Repensando o Consumo de 27/11/12. Disponível em: http://www.globescan.com/component/edocman/?view=document&id=46&Itemid=591 (acessado em 04/08/13)
Revista Galeleu. Crescimento da população não ameaça
planeta, consumo sim. Disponível em:
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI291017-17770,00-CRESCIMENTO+DA+POPULACAO+NAO+AMEACA+PLANETA+CONSUMO+SIM.html (acessado em 04/08/13)
The
New York Times. Best sellers books. Disponível em:
http://www.nytimes.com/best-sellers-books/combined-print-and-e-book-fiction/list.html (acessado em 04/08/13)
Revista Veja. Livros mais
vendidos. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/ (acessado em 04/08/13)
Maíra
Oliveira Ruggi é designer de formação, tem MBA em Marketing pela UFPR e Gestão
Estratégica de Empresas pelo ISAE/FGV. Trabalha no Centro de Pesquisa do ISAE,
é curiosa e gosta de ler sobre sustentabilidade e educação.
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