segunda-feira, 27 de abril de 2015

Consciência.

(Imagem: O Mundo da Usinagem


A superpopulação do mundo e os problemas advindos da insuficiência de recursos naturais é o tema central do novo livro de Dan Brown, Inferno, que figurava, em agosto de 2013, na lista de best sellers do jornal The New York Times e da Revista Veja por 11 semanas consecutivas.
Porém, a discussão sobre superpopulação mobiliza pensadores há séculos. O tema veio à tona em 1798 com o economista Thomas Malthus. Ele dizia que o nascimento de pessoas crescia em projeção geométrica e a produção de alimentos de forma aritmética, sendo assim, em algum ponto faltaria comida para tantas bocas.
Em 2011 foi atingida a marca de 7 bilhões de habitantes no planeta e o foco da discussão mudou. Hoje, a maioria dos pesquisadores não acredita que a superpopulação é uma ameaça, mas sim a relação de consumo das pessoas.
O demógrafo Roberto Luiz do Carmo, do Núcleo de Pesquisas da População da Universidade de Campinas, quando perguntado pela Revista Galileu qual a capacidade populacional que o planeta suportaria, citou Joel E. Coehn:
A capacidade depende do nível de consumo e do tipo de uso que essa população faça dos recursos ambientais. Em um padrão de consumo muito baixo, a Terra pode sustentar muito mais do que os 7 bilhões atuais. Ao nível de consumo crescente em que vivemos, com o tipo de uso que se faz dos bens naturais, creio que já ultrapassamos o limite. (…) O grande desafio das próximas décadas é a busca da redução das desigualdades, sem que isso signifique dilapidação/contaminação dos recursos naturais. Mas isso exige outro estilo de desenvolvimento econômico e social (CARMO, in GALILEU, 2012).
A preocupação com o consumo da população, principalmente em países desenvolvidos, é tema recorrente de pesquisas e livros. Exemplo disso é o trabalho de  ‎Don Tapscott e ‎Anthony D. Williams, Macrowikinomics (2011) mostrando que boas ideias muitas vezes nascem de ambientes colaborativos. Eles citam cases de empresas, e mesmo de famílias, que desenvolvem soluções para demandas e as colocam à disposição da coletividade, ou então de esforços coletivos para resolução de problemas.
 Segundo pesquisa da Globescan, de novembro de 2012, com mais de seis mil respondentes em seis países, o modelo de consumo está mudando. Os consumidores afirmam que, como sociedade, é preciso consumir muito menos e trabalhar para melhorar o ambiente para as gerações futuras. Eles acreditam que as empresas devem tratar de questões sociais e ambientais - como água, saúde e salário justo - por meio de seus produtos, práticas e políticas. E estão interessados ​​em compartilhar ideias, opiniões e experiências para ajudar as empresas a criarem melhores novas soluções.
A atuação das empresas nesse contexto é fundamental. Algumas delas têm faturamento maior que vários países e devem se sentir responsáveis e partícipes desse cenário. Como citado no Macrowikinomics, em vez de criar algo e guardar a sete chaves, é preciso converter as inovações numa plataforma na qual outros possam auto organizar-se e adicionar valor. Em outras palavras, não ser apenas criador, mas curador.
Outro livro que discute a sobrevivência do ser humano com uma visão positiva é Abundância (2012). Os autores, Steven Kotler e Peter H. Diamandis, defendem que com avanço das tecnologias, a revolução do “faça você mesmo”, o dinheiro de tecnofilantropos ricos usado para solucionar problemas do mundo e o nível mais carente da população que está se plugando a economia global, o mundo vai crescer exponencialmente e para melhor. O que antes demorava uma década para acontecer, hoje se resolve de maneira bem mais rápida e colaborativa.
Nesse sentido, o poder empreendedor de empresas e pessoas é altamente necessário para entregar às próximas gerações um mundo melhor. Como diz Ozires Silva no livro Cartas a um Jovem Empreendedor “... todo empreendedor bem-sucedido que eu conheço sempre demonstrou ser capaz de adaptar seu sonho às condições objetivas à sua frente” (2007, p.26).


Referências Bibliográficas

TAPSCOTT, Don & WILLIAMS, Anthony D. Macrowikinomics: reiniciando os negócios e o mundo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

DIAMANDIS, Peter H. & KOTLER, Steven. Abundância: O Futuro é Melhor do que você imagina. Editora HSM, 2012.
SILVA, Ozires. Cartas a um jovem empreendedor. Realize seu sonho. Vale a pena.  São Paulo. Elsevier e Campos, 2006.
Globescan. Pesquisa Repensando o Consumo de 27/11/12. Disponível em: http://www.globescan.com/component/edocman/?view=document&id=46&Itemid=591 (acessado em 04/08/13)

Revista Galeleu. Crescimento da população não ameaça planeta, consumo sim. Disponível em:

The New York Times. Best sellers books. Disponível em:

Revista Veja. Livros mais vendidos. Disponível em:




Maíra Oliveira Ruggi é designer de formação, tem MBA em Marketing pela UFPR e Gestão Estratégica de Empresas pelo ISAE/FGV. Trabalha no Centro de Pesquisa do ISAE, é curiosa e gosta de ler sobre sustentabilidade e educação.




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